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Eleições e os “kits de soluções” para salvar o povo

Não é nas eleições que o poder é “ocupado” ou “tomado”. Ele é construído, dia a dia, nas lutas de nossa comunidade

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É setembro, mês fundamental para as campanhas eleitorais. O Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (GRUMAP) ecoa a afirmação da filósofa Sueli Carneiro: “entre a esquerda e a direita, continuo preta”. Isso porque acreditamos na Primavera do Poder Popular que estamos construindo com o Bem Viver.

O GRUMAP convive nesse momento eleitoral com a pergunta: em quem devemos votar? São mulheres, homens e jovens da comunidade que deixam transparecer, diante do cenário político. a preocupação e a insegurança da encruzilhada eleitoral da democracia burguesa. 

>>Como é ser um jovem negro para você?

Para responder à pergunta, o Grumap olhou para seu espelho e viu na imagem mulheres negras, feministas e educadoras, com a trajetória de 40 anos fazendo a luta política de combate ao racismo, ao patriarcado e ao machismo… Também o espelho refletiu as ações em defesa da educação, saúde, emprego e salários, moradia, cultura e mobilidade urbana; defesa da vida da juventude negra, segurança alimentar, direito à água, à preservação do meio ambiente,  equipamentos públicos, garantia de justiça e tantas outras pautas que perpassam o cotidiano no pov negro na comunidade do Alto das Pombas e na sociedade brasileira. 

A consciência do feminismo negro que habita nosso Ori (palavra da língua yoruba que significa cabeça), nos conduzem a perceber as armadilhas que os candidatos de direita e esquerda representam, com seus projetos políticos racistas, reformistas e neoliberais. 


Arte: divulgação/ Grumap

Nas eleições estaduais, assim como na eleição para presidente, existem candidaturas que não apresentam nada de novo, falam as mesmas coisas que esquerda e direita falavam trinta, quarenta anos atrás. Claro, muitos problemas seguem o mesmo, mas tudo o que essas candidaturas fazem é pegar gente boa, que está na luta, e desviar suas forças para candidaturas que vão disputar um poder que nada pode. Pior: como o fundo partidário é pequeno, terminam as eleições endividados até o pescoço.

Alguém vai perguntar: “Por que isso? O Grumap não estaria sendo radical demais? Não temos que escolher alguém para nos governar? Estão querendo que eu perca meu voto?”. Só consegue se eleger quem já tem poder vindo de algum lugar. Infelizmente, por trás de cada candidato eleito, existe a exploração e a opressão de muitos. 

Nas eleições, o “poder do povo” é como um tipo de mágica, um ritual da branquitude em que “o povo” é chamado a “exercer o poder” a cada dois anos, mas perde-o assim que coloca o voto na urna. São os donos disso tudo quem aparece, de dois em dois anos, pedindo ao povo que escolha quem, entre os poderosos, terá mais poder do que já tem. Sabemos quem são, e como são, esses donos do poder.

É contra essa estratégia da branquitude que o Grumap vem ajudando a construir, com suas lutas, o Poder Popular. Só um povo que tenha onde morar, o que comer, como trabalhar, com quem se curar e nada a temer, só um povo assim é forte para criar, juntos, o Bem Viver. Não é nas eleições que o poder é “ocupado” ou “tomado”. Ele é construído, dia a dia, nas lutas de nossa comunidade. 

Ao lado disso, o Grumap reconhece que o voto racial aflora na subjetividade coletiva das mulheres negras como instrumento de enfrentamento a tradição brancocêntrica de partidos de direita e esquerda. Seguimos os passos ancestrais, potencializando nossa existência, resistência e sobrevivência, principalmente com encantamento da nova ordem social, o Bem Viver. 

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