Queimadas: fotógrafo retrata brigadistas que combatem fogo no centro-oeste do Brasil
Brigadista do Prevfogo, o fotógrafo Augusto Dauster mostra como é o dia adia do combate às chamas
Rafael Ciscati
3 min
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Em julho deste ano, quando o Pantanal Mato-Grossense já ardia em chamas, o fotógrafo Augusto Dauster soube que o Ibama procurava alguém para registrar os esforços dos brigadistas que combatiam os incêndios. A ideia era acompanhar, em campo, a atuação do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), que trabalha prevenindo ou respondendo a emergências.
Com 15 anos de carreira, Dauster já cobriu protestos de rua, movimentos sociais e os bastidores de Brasília. Logo, percebeu que é “no meio do mato”, retratando pautas socioambientais, que se sente mais confortável. Sem muito pensar,aceitou a responsabilidade e embarcou para Corumbá (MS).
As fotos que você acompanha ao longo desta página são resultado dos 30 dias de trabalho que se seguiram a essa decisão. Elas dão uma amostra dos estragos provocados pela maior temporada de queimadas registrada no Pantanal desde 2020. Foram mais de 9 mil focos de calor registrados desde o começo de junho, quando a atual escalada de devastação começou, de acordo com dados do Inpe.
Situação semelhante se repete em outros biomas. Em especial, na Amazônia (que registrou mais de 87 mil focos desde o começo do ano), e no Cerrado (57 mil).
No seu primeiro dia na linha de frente, Dauster lembra ter sido tomado pelo medo. Desorientado pela fumaça e pelo calor, achou que fosse morrer. “Nessas horas, são os brigadistas mais experientes que acalmam, orientam e oferecem suporte”.
São eles, também, o foco das fotografias de Dauster. Treinados pelo Ibama, os brigadistas formam um grupo heterogêneo na origem: entre os companheiros de Dauster, há jardineiros, mecânicos, pedreiros. Gente que, nas palavras do fotógrafo, se move “pela paixão pelo meio ambiente”: “Larga emprego para passar seis meses combatendo o fogo”. E que, na percepção dele, corre o risco de ser invisibilizada. Com sua câmera, Dauster diz querer dar-lhes o destaque merecido.
Desde o começo da semana, ele e os colegas estão acampados na Terra Indígena Capoto/Jarina, na região do Parque Indígena do Xingu (MT). Dauster conversou com a reportagem por áudio de whatsapp na manhã de sexta-feira (13), pouco antes de ir para a linha de combate. Apesar da rotina exaustiva, sua voz traía certa animação diante do trabalho. “Da perspectiva do fotógrafo, os sentimentos são conflitantes: é triste ver tudo ser destruído. Mas é importante capturar esse momento”.
Quem quiser acompanhar o trabalho de Dauster pode seguir seu perfil no Instagram.
Ele também recomenda o trabalho de outro colega, fotógrafo-brigadista como ele, disponível na mesma rede social.
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