Com brincadeiras africanas e afro-brasileiras, livro estimula divertimento em grupo
Obra faz apanhado de brincadeiras populares entre crianças do Brasil e de países africanos de língua portuguesa
Redação Brasil de Direitos
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Você já brincou de banana verde? O jogo é uma espécie de versão angolana do pique-esconde brasileiro.
Funciona assim: reunidos em círculo, os participantes tiram a sorte para definir o papel de cada um na brincadeira. Podem disputar no cara-ou-coroa, por exemplo. Quem perde fica parado no meio da roda. De olhos fechados, grita: “banana”. Os demais respondem “verde”, enquanto correm a procura de um esconderijo. A gritaria segue até que todos estejam escondidos. Nesse ponto, quem gritava “banana” sai à procura dos demais.
A brincadeira é uma das 76 reunidas no Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras. Publicado pela editora Aziza, ricamente ilustrado, o volume descreve as diversões – todas analógicas – que entretêm crianças no Brasil e em seis países africanos de língua portuguesa.
Organizado por Helen Santos, Luciana Soares e Míghian Danae, a obra envolveu uma pesquisa prévia com estudantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe, todos da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Ao longo de 2020 e 2021, o grupo entrevistou pais, avós e conhecidos, de modo a identificar os jogos mais populares nas suas regiões.
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Estão lá o pondongo, o Frik Frak, o jogo de oril: divertimentos que, provavelmente, são desconhecidos do brasileiro. Mas dão as caras, também, a amarelinha, boca de forno, cabra-cega: brincadeiras de que os adultos talvez se lembrem, e que correm o risco de cair em desuso num mundo saturado por telas.
Supreende que, mesmo com um oceano de distância, muitas das brincadeiras se pareçam: são jogos simples, que envolvem pedrinhas, latinhas ou outros materiais improvisados, e que estimulam o divertimento em grupo.
As organizadoras da obra explicam que a intenção original era que o material fosse utilizado em escolas, em especial de educação infantil. Além de entreter alunos, as brincadeiras propostas permitem que a garotada entre em contato com a cultura de países africanos – algo previsto pela lei 10.639/03, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para incluir, nos currículos escolares, o estudo da história da África.
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“Queremos demonstrar que há mais possibilidades de integração entre nós para além das que habitualmente conhecemos, as quais podem ser alcançadas quando nos encontramos e passamos a saber mais sobre nós mesmos, aprendendo o que somos a partir do que fomos e projetando juntos o que desejamos ser”, escrevem as organizadoras na introdução do volume.
Mas o livro não precisa ficar limitado ao ambiente escolar: mesmo em casa, ele abre uma janela para brincadeiras que ensinam e divertem. E que podem ser aproveitadas também pelos adultos. Como diz Débora Alfaia, a escritora e doutora em educação que assina o texto de abertura, o livro “não se limita ao uso com as crianças, mas a todas e todos que se permitirem vivenciar a experiência lúdica, irmanados na vontade humana de ser feliz”.
O livro está disponível para download gratuitamente.
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