Aquecimento global: 5 filmes para entender a crise climática
Quais os efeitos do aquecimento global e quais as saídas para a crise climática? Brasil de Direitos seleciona filmes que apontam caminhos para evitar um desastre ambiental

Rafael Ciscati
6 min

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Nunca houve um ano tão quente quanto 2024. Dados da Organização Metereológica Mundial mostram que o aquecimento global fez a temperatura média do planeta, no ano passado, ficar 1,5 ºC acima daquela registrada em meados do século XVIII, quando começou a revolução industrial na Europa.
A Revolução Industrial é usada como uma data de corte por um motivo simples: a partir dali, a humanidade passou a lançar grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera.
Produzido pela queima de combustíveis fósseis usados na geração de energia — como o carvão mineral e o petróleo — o dióxido de carbono contribui para o aumento da temperatura do planeta.
O cenário já é tão grave que, hoje, fala-se na ocorrência de uma crise climática. Um fenômeno provocado pela ação humana e para o qual é preciso encontrar respostas com urgência.
Isso porque, conforme a temperatura sobe, mais frequentes se tornam os “eventos climáticos extremos”. Caso das chuvas torrenciais que provocaram inundações no Brasil no último ano; ou das secas severas que contribuem para a propagação de incêndios.
Muita informação? Para te ajudar a navegar nessa discussão árida (!) Brasil de Direito montou uma lista de filmes, entre longas e curtas-metragens, que tentam entender as raízes e as saídas para a crise climática.
>>Leia também: 7 perguntas (e respostas) para entender o aquecimento global
O amanhã é hoje
“O debate acabou. A ciência é taxativa: as ações humanas são responsáveis pelo aquecimento global, e isso já traz consequências para o nosso dia a dia”. A frase é do ambientalista Carlos Rittl, e aparece já no início do mini-documentário O Amanhã é Hoje.
Lançado em 2018, o filme percorre o Brasil — de Pernambuco à Santa Catarina— contando casos de pessoas que tiveram a vida virada pelo avesso pela ocorrência de eventos climáticos extremos: de chuvas violentas a secas severas. Todos os episódios se passaram ao longo da última década e meia. E devem se repetir, com frequência cada vez maior, conforme as temperaturas do planeta sobem.
O mérito da produção está justamente em demonstrar que, longe de ser mera projeção científica, a crise climática já é nossa contemporânea. Seus efeitos são sentidos hoje, custam vidas e o bem estar de populações. Talvez um dos trechos mais didáticos do filme caiba ao climatologista José Marengo, pesquisador do Cemaden. “O meio ambiente não é permanente. Pode mudar”, diz ele. “E, se mudamos, a natureza se vinga de nós”
Uma verdade inconveniente

O ex-vice-presidente americano Al Gore. Filme acompanha suas tentativas de alertar sobre os riscos do aquecimento global (Reprodução)
Uma verdade inconveniente se tornou uma espécie de clássico moderno do ambientalismo. O documentário acompanha os esforços empreendidos pelo ex-vice-presidente americano Al Gore, já nos anos 2000, para informar e educar plateias no mundo todo acerca da gravidade da crise climática.
Ainda que lançado há 19 anos (!), o filme abunda em dados que reforçam — e explicam — as conexões entre as atividades humanas e a escalada do aquecimento global. Para audiências contemporâneas, vale o aviso de que algumas previsões feitas pelo filme não se confirmaram nos anos que se seguiram ao seu lançamento: em alguns casos, os alertas de Gore soam cataclísmicos e exagerados; em outros, a realidade é que se provou mais grave que a previsão.
Rumoroso na época do lançamento, o filme levou o Oscar de melhor documentário em 2006
Disponível, gratuitamente, na plataforma Mercado Play
Parceiros da Floresta
O planeta está mais quente. Mas, e aí: há saída para a crise?
Nesse documentário, o diretor Fred Rahal Mauro, em parceria com a jornalista Juliana Tinoco, percorre florestas tropicais na América Latina, África e Ásia. No combate ao aquecimento global, elas ocupam lugar central: conforme crescem, suas imensas árvores sequestram gás carbônico da atmosfera. Quando desmatadas, ao contrário, elas liberam gases de efeito estufa. Como protegê-las, de modo que isso não aconteça?
Para os cineastas, a resposta inclui escutar o que as comunidades tradicionais e os povos originários — que vivem em harmonia com essas florestas há gerações — têm a dizer. Suas experiências apontam para alternativas econômicas capazes de gerar renda mantendo a floresta em pé.
Disponível, gratuitamente, na plataforma Itaú Cultural Play.
O chamado do Cacique
Ainda na linha de destacar os saberes tradicionais, O chamado do Cacique acompanha o líder indígena Raoni Metuktire, do povo Caiapó, nos seus esforços para amplificar as vozes dos povos originários , e estreitar o diálogo com as sociedades não-indígenas.
Em 2023, Raoni convocou um encontro entre lideranças de diferentes etnias. O evento aconteceu na aldeia onde ele vive, no Mato Grosso, e discutiu as principais ameaças à sobrevivência desses povos. A questão importa também para os não-indígenas: as terras indígenas demarcadas funcionam como barreiras contra o desmatamento. Nesses territórios, mais de 80% da mata original continua em pé, segundo análise do Instituto Socioambiental. Nos últimos 30 anos, as terras indígenas perderam somente 1,2% da sua vegetação nativa. Nas áreas privadas, essa perda gira em torno de 20%.
No filme, o cientista Paulo Moutinho lembra que as comunidades indígenas sabem como manter a floresta em pé. Seus conhecimentos, aliados à ciência moderna, podem potencializar as soluções de que precisamos para escapar ao inferno climático que se avizinha.
Presente ao evento, a comunicadora Anaya Suyá resumiu, numa frase, o espírito do encontro: “A gente caminha para o futuro nas pegadas dos nossos antepassados”.
O que é transição justa
Frente ao avanço da crise climática, é cada vez mais evidente a necessidade de mudar a maneira como produzimos energia. É preciso privilegiar a utilização de fontes renováveis, que emitam menos gás carbônico. Mas, como garantir que essa transição energética seja feita de forma justa?
O vídeo O que é transição justa, produzido pela Brasil de Direitos, conta como a corrida pela transição energética pode trazer prejuízos para comunidades tradicionais. E explora maneiras de fazer essa transição — necessária e urgente — colocando as pessoas no centro do debate, de modo a promover soluções socialmente justas.
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