Banzeiro: o ataque de garimpeiros à Maria Leusa Munduruku
Nessa edição do Banzeiro, a liderança indígena conta detalhes da tarde em que um grupo de criminosos incendiou a casa de sua mãe, e de como ela os enfrentou
Movimento Xingu Vivo
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Era ainda início da tarde do último dia 26 quando a líder indígena Maria Leusa Munduruku viu o grupo de garimpeiros se aproximar de sua casa. Traziam armas e galões de gasolina. Ferrenha opositora do garimpo ilegal, que destrói a terra indígena Munduruku, Maria Leusa sofre ameaças de morte recorrentes. Ao avistar o grupo, sabia que a gasolina e as armas daqueles homens eram destinadas a ela. Mas se recusou a fugir. “Não vou sair. Vou ficar na minha casa. Se quiserem me matar, podem me matar. Se quiserem me queimar, podem me queimar” disse, firme, e cercada pelos filhos pequenos. Maria Leusa narra o desenrolar dessa história dramática a partir do minuto 4:00 dessa edição do Banzeiro , o podcast do Movimento Xingu Vivo para Sempre. O programa comenta, semanalmente, notícias e histórias relevantes para a população do Médio Xingu. Você pode escutar os episódios anteriores no site do Xingu Vivo ou pelo canal do movimento no Youtube.
Naquela quarta-feira, o grupo de criminosos incendiou a casa da mãe de Maria Leusa. Os ataques foram uma retaliação à operação Mundurukânia, deflagrada pela Polícia Federal.
>>O avanço do garimpo e da violência na terra indígena Munduruku
A violência do garimpo ilegal contra os Munduruku aumenta desde o começo de 2021. Em março, os criminosos já haviam invadido e queimado a sede da Associação Wakoborun, de mulheres Munduruku, coordenada por Maria Leusa. (1:09 min). Liderança aguerrida, Leusa é uma das pessoas mais ameaçadas de morte no Pará. (2:18)
>>Dário Kopenawa: “Não quero que meu povo morra novamente”
O quadro na região vem se deteriorando. Alguns indígenas foram cooptados pelos empresários e políticos que financiam — e lucram — com o garimpo. Criou-se um conflito de indígenas contra indígenas, parente contra parente. (min 3:25). Que culminou, por ora, nos ataques da ultima quarta-feira. Maria Leusa conta que conhecia seus agressores pelo nome. Quando a horda se aproximou de sua casa, ela cuidava de uma filha febril, doente de malária. “Segurei a camisa do Cardoso e falei: você tem coragem de me matar? Você tem coragem de matar meus filhos?”. (minuto 5:50).
Enquanto parte do grupo ameaçava Maria Leusa, a outra parcela procurava pelo pai dela. Queriam matá-lo. “Quando começaram a dar os tiros, eu entrei em desespero” (minuto 7:50). Paralisada, em choque, Maria Leusa foi tirada de casa pela mãe e pela irmã. Os garimpeiros roubaram documentos seus, e levaram os computadores onde Leusa registrava as demandas vindas dos caciques. Parte da casa queimou, mas a maior parte da casa foi preservada.
A polícia só chegou à aldeia duas horas depois da saída dos bandidos (12:46).
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