Crianças e adolescentes
Manifestação de grupo religioso tentou impedir aborto. Criança, de 10 anos, foi estuprada pelo tio pelos últimos quatro

Crianças e adolescentes
Exposição de menina vítima de estupro fere o ECA e violenta criança
Manifestação de grupo religioso tentou impedir aborto. Criança, de 10 anos, foi estuprada pelo tio pelos últimos quatro
>>Aos 30 anos, ECA reflete evolução do olhar sobre a infância
O grupo de religiosos descobriu onde o procedimento seria realizado porque informações sigilosas foram divulgadas em redes sociais. A atitude, que expôs a criança, feriu também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que recém completou 30 nos de existência. A exposição da menina, segundo entendimento do advogado Ariel de Castro Alves — publicado na revista Fórum — membro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condepe) e ex integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), viola o direito ao respeito, previsto na Constituição Federal e no ECA.
O direito ao respeito é matéria do artigo 17 do Estatuto: “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”, diz o texto.
Na Constituição, a disposição aparece no artigo 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Já a incitação à violência está presente no artigo 286 do Código Penal: “Incitar, publicamente, a prática de crime. Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa”
A baixeza dessa violência, perpetrada contra uma criança, revela o lodaçal que vivemos. É preciso, necessário, e urgente que a sociedade civil – nós, eu, você, ele e ela - fiquemos atentos ao quadro de guerra ideológica a que estamos submetidos, muito pela falta de ações efetivas da classe política, com interesses próprios que continua ao lado desse (des)governo genocida, de características fascistas.
O fascismo se dá pela ignorância e pela provocação alimentanda pelos que deduram. Quem divulgou as informações sobre a localização da menina? É preciso descobrir. Nas redes sociais, a militante de extrema-direita Sara Giromini publicou o nome da criança, e o local onde seria realizado o procedimento de interrupção da gravidez. Giromini já fez parte do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, da ministra Damares Alves. A pasta detinha informações sobre o destino da criança. No episódio de domingo, assistimos a vários crimes simultâneos. Todos, da violência do estupro à violência da exposição indevida, me fazem pensar que estamos falhando num dever fundamental: o de proteger a infância.
Foto de topo: grupo de religiosos protesta diante de hospital em Pernambuco / Reprodução

Instituto Iddeia Cultura e Pesquisa
O Instituto Iddeia tem por finalidade o fomento da cultura e da ciência, como instrumento de inclusão social dos povos, por meio de projetos de cultura, desenvolvimento profissional e gerencial, realização de cursos ligados ao ensino da Artes, da Cultura e Ciência. Realiza estudos e pesquisas cientificas, elabora projetos de cultura e saúde. Para sua manutenção promove cursos, seminários, conferências, exposições de arte, espetáculos teatrais, musicais, saraus etc., produz e divulga conhecimentos culturais, técnicos e científicos. Sem perder de vista a qualidade do conteúdo e a riqueza da forma
CONHEÇA +Você também vai gostar
Crianças e adolescentes
Rafael Ciscati
ECA: o que é o Estatuto da Criança e do Adolescente
Glossário
Crianças e adolescentes
Lilia Melo
Em Belém, projeto usa arte para criar ponte entre comunidade e Estado
Opinião
Crianças e adolescentes
Maria Teresa Ferreira
Escolas precisam aprender a navegar em mundo pós-pandêmico
Opinião