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Marcha dos Imigrantes leva solidariedade a países em conflito

Momento político conturbado em diversos países foi pauta do evento, já na 13ª edição

Alex Vargem

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Alex Vargem – CAMI

Cerca de 4 mil pessoas de diversos países da América Latina, Ásia, África e Europa se reuniram no último domingo, 1º, na Avenida Paulista, durante a 13ª Marcha dos Imigrantes e Refugiados. Realizada anualmente, a marcha tem por objetivo sensibilizar a sociedade e o poder público para a pauta migratória. Em 2019, o evento teve por tema “Livres com direitos em qualquer lugar do mundo”, e foi fruto de um processo de construção de 4 meses junto de diversas organizações e coletivos de imigrantes e refugiados. Uma segunda faixa trazia os dizeres “Paz no Mundo: solidariedade aos países que estão em conflito”, dado o momento político conturbado em diversas regiões, entre as quais na América do Sul, que recentemente resultaram em conflitos internos. A manifestação também fez referência a conflitos mais antigos, como a guerra civil da Síria e conflitos na África.

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A empolgação dos participantes deu a tônica do evento. No início, os grupos perfilavam e se alinhavam em blocos na avenida. Um grupo de imigrantes do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS), instituição que participou do processo de construção da marcha, trouxe  faixas e bandeiras de seus países e se juntou aos grupos de imigrantes bolivianos, haitianos de Guarulhos e da zona leste de São Paulo;  à Frente das Mulheres Imigrantes,ao Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe,  à  Associação Salvador Allende, assim como ao Coletivo Lastesis — composto por mulheres chilenas que, horas antes, protestaram em frente ao consulado do Chile na Avenida Paulista.

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Também compareceram as mulheres filipinas, Lakitas, África do Coração, e o coletivo Diásporas Africanas. No total, participaram em torno de 40 nacionalidades, entre as quais congoleses, bolivianos, chilenos, haitianos, peruanos, africanos do Malí e África do Sul, angolanos, togoleses, quenianos, senegaleses, venezuelanos, paraguaios, colombianos, argentinos, pessoas oriundas de países como Estados Unidos, Itália e refugiados africanos da Serra Leoa. Esses últimos exibiam o cartaz “Nós existimos aqui em São Paulo”. Compareceu, também, o grupo africano dos povos originários de Biafra (território localizado na Nigéria) e um grupo grande de refugiados da Guiné “Conacri”, que se destacava com as camisetas vermelhas.

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No decorrer da marcha, muitos fizeram intervenções no microfone que era aberto. No geral, denunciaram as violações que ocorrem nos países de origem, como no caso da performance crítica das mulheres chilenas, denunciando a triste situação da violação de direitos humanos no Chile. Um dos participantes da Guiné Conacri, conhecido como Alfa, aproveitou o espaço para falar do caos institucional no país: “Lá, o presidente vai para o 3º mandato, não respeita a Constituição para troca de cargo”, contou. Já a boliviana Verônica Yujra do coletivo Sí Yo Puedo e do Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe, criticou a deposição do presidente Evo Morales e a perseguição a seus aliados:  “Estamos aqui por conta de toda esta situação triste que acontece na Bolívia”, relatou em microfone aberto. O ato contou também com a presença do vereador Eduardo Suplicy, que cantou no microfone e prestou solidariedade aos diversos grupos e nacionalidades presentes na Marcha.

Outros grupos se manifestaram, destaca-se os africanos de Biafra, com suas músicas e cantos de liberdade, denunciaram as diversas situações resultantes em milhares de mortes que ocorrem em seu território e reivindicam a separação da Nigéria. Outros preferiram denunciar violações sofridas no Brasil: “Queremos o fim do racismo e da xenofobia no Brasil”, destacou Prudence Kalambay da República Democrática do Congo. Neste mesmo sentido, os haitianos relataram a questão do fortalecimento das políticas públicas no país para que haja uma maior integração: “Haiti foi o primeiro país das Américas a se rebelar contra à escravidão, somos fortes”, destaca o haitiano Williem , residente em Guarulhos.

O ato contou também com a performance da Florência Transformista, interpretado pelo artista boliviano Remberto, que aborda a questão dos imigrantes LGBT+. Se apresentaram a cantora Celina, de El Salvador, o cantor Mario Ayala da Bolívia e a sul-africana Nduduzo Siba.

Ao final, todas as nacionalidades fizeram uma ciranda, com uma música árabe interpretada pelo refugiado sírio Abdulbaset Jarour, que dizia minutos antes no microfone: “Vamos nos unir, todos os povos, todas as nacionalidades, juntos somos mais fortes, migrar é um direito. Queremos a paz!”.

 

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