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“O conservadorismo precisa ser enfrentado”

Para Monique Cruz, da Justiça Global, a guinada conservadora do Brasil exige que os defensores dos direitos humanos disputem espaço no imaginário da população

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Por – Justiça Global

Uma das questões que mais preocupa Monique Cruz, hoje, é a guinada conservadora dada pelo Brasil em tempos recentes. Aos 34 anos, Monique é pesquisadora da Justiça Global, uma organização carioca que trabalha na proteção e promoção dos direitos humanos. Para ela, o avanço do conservadorismo exige que indivíduos e organizações defensoras dos direitos humanos travem disputas em diferentes campos:  nas relações institucionais e interpessoais, na comunicação de massa, entre ativistas, organizações e parceiros nas instituições públicas e na sociedade em geral. É preciso que lutem, inclusive, por espaço no imaginário da população: “Para que possamos disputar, como dizem, corações e mentes”, afirma.

A racionalidade racista que sempre marcou a forma de governar o país é um desafio histórico aos direitos humanos, na análise de Monique: “A maior parte da população brasileira que foi desumanizada ainda precisa lidar com os efeitos disso todos os dias”, afirma. 
Outra questão fundamental é a militarização, expressa no discurso midiático de que vivemos tempos de guerra; na circulação de armamento legal e ilegal nas cidades; na política de segurança baseada em confrontos armados; em um Estado que investe recursos públicos na indústria bélica e na indústria de vigilância: “Tudo isso dialoga diretamente com uma sensação real de guerra, porque não é simples conviver com helicópteros atirando em lugares densamente povoados, matando crianças; com instituições policiais que têm na prática da tortura e extorsão mediante sequestro de supostos criminosos algo frequente, como se vê cotidianamente no Rio”.

Monique vê na ideia de uma guerra do “bem contra o mal”, de inimigos a serem eliminados, a essência do exercício do poder político no Brasil. 

Por fim, ela ressalta que os considerados “fora do padrão da moralidade” para os conservadores, como as negras e negros, travestis, transexuais, feministas, lésbicas, gays, hoje são mais alvo do que nunca e é preciso que as e os ativistas entendam esses riscos.

FOTO: Paula Paiva

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