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Invisibilizadas na formulação de políticas públicas, mulheres lésbicas enfrentam preconceito e violência letal. É preciso ação do poder público

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Visibilidade Lésbica: queremos políticas públicas para garantia do bem-viver
Invisibilizadas na formulação de políticas públicas, mulheres lésbicas enfrentam preconceito e violência letal. É preciso ação do poder público
Hoje, no início do século XXI, apesar dos avanços e de algumas conquistas oriundas das lutas de diversos movimentos, o aumento dos casos de lesbocídio comprova a tentativa violenta de invisibilizar o papel das mulheres lésbicas na sociedade: dados dos Grupo Gay da Bahia (GGB) mostram que, entre 2020 e 2021, o número de lesbocídios cresceu 20%. A sociedade ainda não aceita, plenamente, a existência dessas mulheres como pessoas em igualdade de direitos e deveres. Esse comportamento social inviabiliza seu direito ao exercício político, à vida cidadã, e à expressão da sua sexualidade.
No conjunto das letras que caracterizam as especificidades de gênero e orientação sexual, a letra L, ainda que esteja à frente da sigla, permanece na invisibilidade quando falamos de políticas públicas, principalmente investimentos e financiamentos.
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto, é um dia dedicado não só a comemorações, mas a discutir políticas públicas de combate à lesbofobia e formas de dar maior visibilidade à comunidade lésbica. A data foi escolhida em razão do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu em 1996 no Rio de Janeiro/RJ, no qual as lésbicas presentes discutiram demandas sobre espaços autônomos de articulação política, promoção da saúde, direitos sexuais, direitos reprodutivos, combate IST, HIV/Aids e a defesa do Sistema único de Saúde – SUS.
O Brasil pactua ainda nos dias de hoje, com a prática de privação de liberdade em hospitais e instituições psiquiátricas, dentre elas mulheres lésbicas forçadas a terapias de reversão e a estupros corretivos. Essa terrível experiência nos convoca a repensar sobre o cuidado em saúde mental e as construções sociais relativas a determinados sujeitos. Embora haja amplo arcabouço legal que impeça a existência dessas instituições, elas ainda existem com outros nomes e sob a justificativa do cuidado e muitas vezes atrelados a instituições religiosas ditas cristãs.
A situação das mulheres lésbicas dentro do sistema penal é ainda mais grave, visto que se acentuam outras graves violações, principalmente no acesso à saúde básica, como fornecimento dos produtos de higiene, remédios, atendimento ginecológico adequado e medidas de prevenção para práticas sexuais. De fato, é urgente o cumprimento do que é previsto no art. 11 da Lei de Execução Penal, além da prática da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PNAISP), política pública de saúde específica que garante acesso à saúde e reintegração à sociedade, de forma a garantir saúde física, psíquica e emocional dessas mulheres.
O lançamento do Lesbocesno foi realizado nessa segunda-feira (29), num evento organizado pela Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/PE, pela Associação Brasileira de Lésbicas (ABL), pela Comissão do LesboCenso Nacional (@lesbocenso), pela Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras e Feministas- CANDACES (@candaces_br), pelo Coletivo de Lésbicas e Mulheres Bissexuais - COMLESBI - PE (@comlesbi), pelo Coturno de Vênus - Associação Lésbica Feminista de Brasília (@coturnodevenus) e pela Liga Brasileira de Lésbicas - LBL (@ligabrlesbicaspr).
O evento também conta com a parceria da Comissão da Mulher Advogada da OAB/PE (@cma.oabpe), da Comissão de Igualdade Racial da OAB/PE (@c.igualdaderacialpe) e do Comitê Interinstitucional Pró Lésbicas e Mulheres Bissexuais.
Ainda são pautas do movimento de lésbicas no Brasil:
- Fortalecimento do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN para construção políticas de proteção e o enfrentamento ao do alto índice de violência contra mulheres lésbicas e bissexuais, contribuindo para produção de dados científicos que possam corroborar com a demanda social e política do movimento de lésbicas.
- Ambulatórios estaduais direcionado à população lésbica;
- Incentivo de pesquisas sobre a feminização do HIV/Aids com recorte sobre as lesbianidades
- Maior debate sobre os direitos reprodutivos das mulheres lésbicas dentro do PAISM e garantia ampla dos direitos da dupla maternidade;
- Formação continuada de profissionais de equipamentos públicos que atendem a população lésbica.
- Construir políticas públicas específicas que garantam a segurança para as denúncias de crimes policiais, totalmente amparados pelos órgãos de segurança do Estado.
- Criar mecanismos legais e sociais que permitam o monitoramento das ações policiais com o objetivo de mitigar o abuso de autoridade e fornecer treinamento baseado em direitos humanos e diversidade aos policiais dentro das penitenciárias e fora delas.
- Acesso à justiça e reparação as mulheres lésbicas que passam por brutalidade policial, bem como acesso mais fácil ao tratamento psicológico, via defensoria pública e SUS
- Assegurar e implementar políticas de educação inclusiva, coerentes com os parâmetros do Plano Nacional de Educação 2014-2024.
- Assegurar as estratégias, diretrizes e fiscalização para organizar e atender as pessoas com necessidades e tratamentos específicos em saúde mental, conforme a Política Nacional de Saúde Mental.
- Revisão da política antidrogas.
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